terça-feira, setembro 20, 2011

Desabafo.

(cansei-me de ouvir das pessoas que estas não têm mais tempo para fazer as coisas,Tempo todo mundo tem, mas escolhemos com o quê e com quem queremos gastar nosso tempo. O problema é que existe uma tendência geral para o uso de eufemismos, é ainda pior quando além de enganar aos outros a pessoa se engana...)

sábado, setembro 17, 2011

Livro do desassossego

"Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro.
 Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais do que uma moldura para enquadrar o que lhe é estranho. "

Fernando António Nogueira Pessoa

Sobre a brevidade da vida

"Por conseguinte, a sua vida se precipita nas profundezas e, assim como de nada serve encher com líquido uma vasilha sem fundo, nada pode trazer de volta o tempo, não importa quanto ele te foi dado, se não há onde retê-lo. Ele atravessará os espíritos abalados e que nada apreendem."
Sêneca

Necessidade.

Ao aspirar e encher os pulmões com toda a ausência é que se traz alguém ao presente real, por  não ser olvidado, a insustentável leveza dos momentos repousa na necessidade que se tem de alimentar a alma de incertezas.Faz-se então das lembranças refeições inteiras, cheias de nostalgia e melancolia, de momentos que ficaram no passado e que de maneira alguma podem ser nutritivos ao futuro, talvez ai esteja uma questão da vida, saber utilizar o tempo que dispomos a favor do próprio tempo. Consumir o momento com avidez, saboreando cada palavra no instante em que foi proferida e degustar os sentimentos como sobremesas. Presença é vida que só pode ser saciada com calor, aquecida com o coração e aflorada na derme, nos braços, nas mãos e nos olhos de quem sente saudade.

domingo, setembro 11, 2011

O que me encanta nas relações não é a aparência das pessoas, nem as fotos e objetos materias que marcam a trajetória e comprovam a existência daquilo que outrora fora efêmero, o que mais me estarrece é o que fica das pessoas em nós. Relacionar-se significa deixar parte de nós dentro do outro e despertar em nós mesmo questionamentos até então olvidados, é como ganhar mais um orgão de percepção, é uma repartição complexa. A medida que o tempo passa, existe uma tendência de incrustarmos nossas caracteristicas e usar de fato um exoesqueleto de proteção, que ao mesmo que ajuda indiretamente na respiração, impede o crescimento e então necessário realizar  nova ecdise.

terça-feira, setembro 06, 2011




.etnalulu edadilaer ahnim an racif etnatsni etsen uotser em euq sie E
Me procuras no vago da noite
te busco na solidão do dia
ambos dançamos na chuva neste descompasso efêmero
sem nunca avistar um a face do outro
num desespero em que não sou e nem tu és.
De mãos dadas estamos perdidos(em nós mesmos)
somos como almas a esperar o trem que já passou.

sexta-feira, setembro 02, 2011

Ocupado.


Enquanto eu ainda tocar essa pianica será sempre assim, você mora em mim, pois a dicotiledônea morreu e nem sequer uma mísera briófita nasceu desde que você se foi.


Sou um inseto de exoesqueleto quitinoso que queria ser ave, mas que contenta-se com a convergência adaptativa de ter asas.