quarta-feira, junho 29, 2011

"Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar-mas ver. Em silêncio. Tu verias a moça."

domingo, junho 26, 2011

Quando pequena eu dizia que seria astronauta, até imagino o motivo, pois passava horas me divertindo com um jogo chamado: o patrulheiro das galáxias, que vinha até com um caleidoscópio; não imaginava naquele tempo quanta matemática era preciso saber para trabalhar com algo assim. Sei que muito do que somos e vários dos nossos princípios vêem das coisas que ouvimos quando crianças; acredito até que seja por isso que tantos desejam fazer medicina. O bom e o ruim de sonhar é que a mente não tem limites, podemos ser qualquer coisa que quisermos e isto abre um leque tão grande de coisas que ás vezes pode- se perder o foco, por abrir demasiadamente o obturador. Será então por isso que tantos dizem com convicção que iram mudar o mundo e acabam sendo moldados por ele? O que realmente ficou da criança que foste? O que ainda vale a pena realizar?
Eu não sei responder quais são as bases pelas quais se movem os sonhos, mas hoje eu não quero mais ser astronauta, mas não posso negar que tenho um livro sobre astronomia e que pretendo comprar um telescópio, estes são exemplos de processos inconscientes que ficaram da Manoela de sete anos, que ainda me cutuca várias vezes e que tem mais de mim do que a máscara que uso hoje, pela necessidade de viver em sociedade. É preciso que durante a noite a face seja exposta a luz da lua para depois entrar num processo de reconhecimento a frente do espelho da alma, não se deixar esquecer-se das coisas, talvez nada disso tenha muita importância, mas tente olhar para a lua e refletir um pouco sobre as coisas que juntas compõem que é.

quinta-feira, junho 23, 2011

Crime e castigo

"onde é que eu li aquilo de um condenado à morte que no momento de morrer dizia ou pensava que se o deixassem viver num alto, numa rocha e num espaço tão reduzido que mal tivesse onde pousar os pés - e se à volta não houvesse mais que o abismo, o mar, trevas eternas, eterna solidão e tempestade perene -, e tivesse de ficar assim, em todo esse espaço de um archin, a sua vida toda, mil anos, a eternidade... preferiria viver assim do que morrer imediatamente? O que interessa é viver, viver, viver! Viver, seja como for, mas viver! O homem é covarde!"

Fiódor Dostoiévski

Epigrama n.º8

Encostei-me a ti,

sabendo que eras somente onda.

Sabendo bem que eras nuvem

depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso,

e dei-me ao teu destino frágil,

fiquei sem poder chorar,

quando caí.

Cecília Meirelles
"Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora"



Manuel António Pina

terça-feira, junho 21, 2011

" E se me tem por exagerado!
Exagerado sou!
Pois é por exagero,
que me consome todo o amor."

Nordman Wall
Questionamentos, quem consegue responder?
Fazer da vida descoberta diária.
Achar-se e perder-se a qualquer instante.
Deixar-se leve, escutar o apelo ressonante do ar.
Quem aqui se permite voar?

Meu coração tão frio em movimentos adiabáticos palpita
A espera de uma dupla ligação quebrada.
Do amor resta um símbolo
Em algum lugar ainda brilha a chama,
Movendo-se com o vento na azáfama do dia.

Não se pode esperar eternidade no calor, visto que nada o possui
É transição, assim como eu e como você.
De sua energia não facilmente medida só se tem noção da variação
Nos movimentos cíclicos vai tendendo a zero, tentando realizar trabalho,
Flâmula passageira, mas o que é permante?

Será possível calcular o termo independente desta questão?
Perguntas, deixo-as para que fluam por toda minha mente,
Escorrendo pelo nariz, contornando minha cintura, transpassando pela laringe e me sufocando como se soda caustica fossem.

domingo, junho 12, 2011

Suprema aos que um dia sentiram

Perdoe-a, algo,
Ela não sabe o que diz.
Deixe que ela fale o que quiser!
Mesmo que ela vá,
Ao mesmo tempo
Irá ficar.
Em presente.
Ela é o meu mundo,
Meu paraíso
Meu conforto
Minha alegria
O meu algo maior,
É real.

Eu quero sentir
Muito mais do que sinto.
Pra mim,
Ainda é pouco o que tenho.
Quero mais!
Por um lado,
essa luxúria me faz feliz.
Mas esse pecado, como todos os outros,
é indevido,
é errado.
Se não posso ter tudo que quero,
Melhor amar o que já tenho,
e contentar-me com o que ganhei.


Sabe-se lá o que será de mim,
o futuro do meu passado,
é o meu presente.
Não diga o que eu sinto,
sem saber primeiro o que sentes.
Ah, como eu quero algo dela.
Relembrando águas passadas,
essa luxúria me faz feliz.
Como faz!
Pecador profissional,
assim eu me acho.
Considero-me um capacho,
calcado eternamente pelos pés desse algo inseguro.

Não quero que leiam isso,
para andarem comentando sobre o meu amor maior.
Em falsas verdades,
sem fundamentos,
sem pensamentos,
sem reflexões.
Chamaram-me poeta.
Se eu sou,
foi por ação do invisível,
daquele maior que tudo e todos,
e dela.
Ela que detém o que eu mais quero,
ela que recebe o que eu dou,
em troca de nada.


Gustavo Grilo
(eu disse que colocaria teus poemas por aqui!)

Tic tac, tic tac...

quinta-feira, junho 09, 2011

A única coisa que realmente consegue me fornecer solidariamente conhecimento sem nada cobrar de mim, as pessoas que me se aproximam nos momentos mais turvos são as palavras, palavras de pessoas que nem conheço, mas que tenho um amor profundo. Estas pra mim são médicas, médicas da minha alma.

Ler é divino, agradeço aos escritores, pois estes salvam vidas. Hoje me decidi, vou voltar a escrever.

domingo, junho 05, 2011





Mais distante do mundo, mais próxima deste cenário e minha alma a mudar de cor.
As coisas eram sempre assim, o seu organismo funcionava de forma anómala, sempre disposto a fazer desaparecer, pois seus próprios medos e dores eram invisíveis e ela vivia isolada em uma bolha de sabão, presa à um amor, presa à uma vida que não lhe pertenciam, por mais que repetisse inúmeras vezes que tudo é cheio de inconstância, permanecia sentindo aquele aperto dentro do peito, aquele nó na garganta e os momentos únicos a passarem sem que nada acontecesse. Ela agora pensava em si própria como um artista da fome que só sabia ser daquela forma e que por isso mantinha-se presa como animal em uma jaula como uma atração de zoológico, não tendo a coragem de ir de encontro ao mundo e proclamar sua liberdade, liberdade esta que na verdade temia ter, era uma covarde que diante do mundo aceitou ser apenas um animal, condenada a mentira e a solidão que invadem todos os seres de mente fraca.

Perto do coração selvagem

''Tudo o que mais valia exatamente ela não podia contar. Só falava tolices com as pessoas. Quando dizia a Rute, por exemplo, alguns segredos, ficava depois com raiva de Rute. O melhor era mesmo calar. Outra coisa: se tinha alguma dor e se enquanto doía ela olhava os ponteiros do relógio, via então que os minutos contados no relógio iam passando e a dor continuava doendo. Ou senão, mesmo quando não lhe doía nada, se ficava defronte do relógio espiando, o que ela sentia também era maior que os minutos contados''

Clarice Lispector