domingo, abril 15, 2012

Ideal de amor:

"Eu quero beijos intermináveis até que os olhos mudem de cor."

Sinto qualquer coisa de luz e brilho nisso tudo, acho que é o típico sentimento que gera transcender, sinceramente, queria sentir essa transição das cores e o céu rosa não só uma vez por dia, magnificamente tocada pelo primeiro disco da Vanessa da Mata.

Ausência

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

Vinicius de Moraes

sábado, abril 14, 2012


E quem há de pagar a espera
por esses sonhos sonhados a prazo
das saias arregaçadas no rio a formar bolhas no ensaboar,
das mãos de suor e cimento que edificam a construção,
daqueles que nem ao menos tem direito ao pão.

Quem há de pagar pela esperança ceifada dos olhos que vivem sem sonhos
dos que entregam panfletos que não são poemas,
dos que andam clandestinamente na porta dos ônibus,
celebrando a fome de tudo, de tão descompassados que são.

Diante da realidade violenta com que as coisas existem,
atentos, submissos, fecham as pálpebras tristes.
Escurecidos pela ausência,
procuram  entregar a ponta da mesa a conta com saldo devedor,
mas parece não estar mais lá o causador
 da vida infecunda de toda essa gente que o tempo levou.

Mas há tanto tem sido assim,desde o começo já se sabe o fim.
Quem espera nunca alcança e de cego pela faca, faz um rastro de sangue na caminhada torta.