quarta-feira, agosto 24, 2011

Transcender e afundar.

Turvos sentimentos fazem boa poesia, pois eis que a alma se abre para o infinito universo das combinações impalpáveis.

Quando o sol se foi ela sorria
o rosa do céu trazia a luz dos olhos dele.
Pintava na face o esboço da sensação, logo viriam as estrelas
Confortava-se ainda na lembrança do beijo nunca roubado
Nasceram assim as asas e daqui a pouco a solidão.

domingo, agosto 21, 2011

Die verwandlung

"Als gregor samsa eines morgens aus unruhigen träumen erwachte, fand er sich in seinem bett zu einem ungeheueren Ungeziefer verwandelt."

Livro do desassosego

"Ninguém compreende outro. Somos, como disse o poeta, ilhas no mar da vida; corre entre nós o mar que nos define e separa. Por mais que uma alma se esforce por saber o que é outra alma, não saberá senão o que lhe diga uma palavra- sombra disforme no chão do seu entendimento.
Amo as expressões porque não sei nada do que exprimem."

página 335

Fernando Pessoa


sábado, agosto 20, 2011

Queria que estivesse aqui, pois a nuvem encobriu toda a lua. Não devias saber que nessas noites o mar ultrapassa meus olhos e que tal fato umedece meu coração, deixando-o suscetível a oscilações. Me diz,o que pensas nessas noites em que a lua se esconde assim?

É divertido viver e ver a mecânica das coisas, rindo deveras por dentro.

terça-feira, agosto 16, 2011

Caridade se resume a pontos, conhecimento a horário, ser uma boa pessoa a notas. Mecanizado mundo em que vivemos, os que podem fazer alguma coisa estão em universos paralelos e a fome e a miséria permanecem a marcar o estado. Quero humanidade!

domingo, agosto 14, 2011

Caroline Carvalho

O último desenho que ela fez pra mim.


O primeiro desenho!







Para que saibas que com o mesmo amor que guardei todos os desenhos, guardo também os momentos e os ensinamentos que eu tive ao teu lado. Claro que nunca me esquecerei que eu fiz uma criança chorar em 2008, acho que todo mundo aqui já está cansado de saber disso -.-''. Eu realmente te amo muito, senhorita. Fica com Deus, desejo a ti toda a paz do mundo. Já és vitoriosa por ser quem tu és, por ilumuinar a vida de todas as pessoas ao teu redor e pelo sorriso sempre presente na tua face.

Sinto saudades.
"Ah, Manoela... é impossível sorrir para sempre, irmãzinha. Tem vezes que sorrir cansa. Tem momentos em que simplesmente sorrir o tempo todo já não faz mais sentido. "

A fuga

"Os dias se derretem, fundem-se e formam um só bloco, uma grande âncora. E a pessoa está perdida. Seu olhar adquire um jeito de poço fundo. Água escura e silenciosa. Seus gestos tornam-se brancos e ela só tem um medo na vida: que alguma coisa venha transformá-la. Vive atrás de uma janela, olhando pelos vidros a estação das chuvas cobrir a do sol, depois tornar o verão e ainda as chuvas de novo. Os desejos são fantasmas que se diluem mal se acende a lâmpada do bom senso."

Clarice Lispector


sábado, agosto 13, 2011

A luneta mágica

" A família é na terra a beatificação da vida do homem; a família é o mundo em festa no lar doméstico; a família é a imensa vida de amor, em que se identificam algumas vidas que se amam, que se abraçam, que se completam; a família é a consolação no infortúnio, o suave descanso no fim do trabalho e das lidas, é o rir de muitos pela felicidade de cada um de seus membros, é na extrema hora o colo em que se encosta a cabeça para dormir o último sono, é o pranto de amor que orvalha a sequidão da morte, a mão de amor que, religiosa, fecha os olhos do morto.
Eu quero ter família, não posso viver sem ela."


Joaquim Manuel de Macedo

A hora da estrela

"As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer."

Clarice Lispector
Qualquer dia escrevo as coisas da agenda aqui para de qualquer forma banaliza-las, qualquer dia eu morro dessa coisa que lateja dentro do meu peito, qualquer dia.Ah, vou vivendo a me enganar, cantando em outros nomes tua imagem, teus olhos, o meu amor reprimido e contorcido.

quarta-feira, agosto 10, 2011

A distância alimenta um nevoeiro turbilionante

É preciso que se crie conexões, talvez aquela ponte, que liga o São Francisco ao centro histórico,aquela que aos sábados trazia uma explosão de cores sentimentos com seus barcos e pássaros, funcionando para mim como uma chave que abre e fecha o sistema. Quão bom é sentir o vento balançar os cabelos e a saia longa.Ainda me sinto naquele recital de Chopin no Artur de Azevedo e agora vejo as cortinas do palco se fecharem sobre meus olhos em pura expectativa, mas não consigo escutar os aplausos, pois o que existem são só as lembranças de qualquer momento no passado em que eu tocava a alma dos sentimentos. Alma não tem cor, nem cheiro, nem forma, é estado sublime que se conserva no impalpável e por isso não se pode ter a noção exata de onde está.
Conservo além de tudo a lembrança das pessoas e isso é engraçado,lembrar de tudo, do buraco de minhoca, do buraco sugador de todaas as coisas no desenho da escola,do organismo que era feito de material semelhante a celulose, das mágicas, das conversas sobre caio fernando, do dia em que conheci satine. A distância alimenta a saudade, a vida alimenta a dor, mas de que adianta viver sem vida? de que adianta viver sem dor?

Guardo a certeza de que conheci pessoas lindas e que tenho amigos, que por mais distante que estejam, estarão sempre em minha mente as lições e os momentos!

segunda-feira, agosto 08, 2011

As coisas são belas justamente por não serem eternas, por serem inconstantes. Sem obrigações e sem explicações,que seja sempre leve.
"Manoela, mesmo que no final tudo venha a ser um enorme branco; Ainda existem nos papéis de carta palavras eternizadas"



Agora que o tempo passou posso afirmar que a dona dessa mensagem ficou guardada e que em geral,o que passei com ela foi bonito e eu agradeço, espero que um dia veja isto e sinta o que eu sinto agora. Se cuida, senhorita lua.

Esboço para uma teoria das emoções

Ora, não é indiferente que essa realidade humana seja eu, por que, precisamente para a realidade humana, existir é sempre assumir seu ser, isto é, ser responsável por ele em vez de recebê-lo de fora como faz uma pedra. E, como a "realidade humana é por essência sua própria possibilidade, esse existente pode `escolher-se´ ele próprio em seu ser, pode ganhar-se, perder-se"[...] Portanto, sou antes de qualquer coisa um ser que compreende mais ou menos obscuramente sua realidade de homem, o que significa que me faço homem ao compreender-me como tal.

Jean-Paul Sartre
Antropoceno, antropoceno,antropoceno. Tem coisa mais egoísta e vaidosa do que isto?
Arrghh.A humanidade me cansa.

domingo, agosto 07, 2011

A grandeza de dar consistência

Quando então sentir meu rosto consistente mais uma vez quer dizer que estará na hora de por ao forno, para que a massa então mole aqueça e prepare minha nova máscara. Essa é a quinta vez que perco uma. Desta vez vou pinta-lá de azul.
Qual é a cor da sua? Talvez eu e você possamos combinar de deixar a mostra as nossas faces qualquer dia desses, talvez qualquer dia desses nos possamos unir nossas almas. Me ajude e eu caminharei ao seu lado sempre que fechar os olhos.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Percebe agora que a sua felicidade depende de como você se vê?

É preciso que se mate e que se morra.

Existe uma faca aqui no meu peito, alguém retire, por favor, gritava a moça. Poucos segundos depois toda a sua cama e sua roupa estavam repletas de sangue e ela se contorcia e gritava mais e mais forte: alguém retire essa faca fincada no meu peito; parece que ninguém ouvia, pois nada faziam. O sofrimento daquela jovem vinha de outro mundo e vendo aquela cena, parou, olhou dentro de si e começou a sentir as vibrações e juntar forças de seu corpo em agonia, foi quando fechou os olhos e viu que era a sua própria mão que fincava cada vez com mais força aquele objeto em seu peito, ela queria inconscientemente matar, o desejo reprimido de seus ancestrais era algo que tomava seu corpo, assim como é capaz de mudar toda uma história de vida. Muito era o que queria saber, ela não parava um instante de pensar, era mecânico, era doloroso, não deixava que ninguém falasse, preservava-se na sua dor. Animou-se misteriosamente na sua frente um relógio com uma aparência meio cansada, ele disse que vinha para conversar com ela, que as coisas não eram bem assim, ela deveria parar e prestar atenção nos fatos, pois ele próprio já sofrera muita desilusão das pessoas que dizem que faz o tempo parar e que a vida toda ele nunca teve férias, um só segundo que fosse; uma coisa é o que nos dizem para que inventemos um mundo mais confortável no imaginário, outra coisa é o que de fato acontece, ele como relógio sabia sua função e que ela como moça sabia também o seu papel na sociedade e que deveria tirar de si própria esta faca, mesmo que sangrasse, pois dotados de matéria sofrem. A moça levantou-se, mas não teve coragem de retirar, tinha se acostumado, ás vezes isto acontece, aceitamos coisas que não fazem parte de nós por hábito. Digo agora que a moça soltou a mão do objeto cortante e segurou a mão do relógio, fez do tempo seu amigo, matando assim a o que a feria , deixando-se ser ajudada e percebendo que existem várias formas de se matar, mas que é necessário para poder recriar-se a cada dor.