sábado, dezembro 24, 2011

Ao longo do tempo descobri que vivia(oh, sim), conheci vários locais, falei com diversas pessoas e foi conversando com uma delas que esta me disse sobre a magia de escrever, a princípio não acreditei, afinal, por que existem então tantos livros abandonados e intocados nas livrarias? Eles que serviram tanto, eles que mataram a fome do ser, eles que só falam quando você deseja, eles que tão sinuosos mostram suas cores e suas rimas para nos levar á outro mundo, ah, ás vezes me revolto, sinto suas tristezas, quero estar junto de todos para que não se sintam tão intimamente só quanto me sinto agora, ah, eu poderia dizer que sou de um livro, o livro o qual não direi o nome para que me encontrem aos poucos, para que me vejam aos poucos, para que sintam vontade de mim. Talvez escrevendo veja-me fora do meu eu de tal modo que consiga eu mesma acompanhar-me nesse caminho pedregoso que é viver, talvez um dia conte uma de minhas magias e de como é fabuloso o mundo que venho, dessa minha viagem caleidoscópica espero encontrar o caminho de volta para casa, para ver o azul turquesa do meu sol, ao fim. O meu amigo do começo do texto disse-me que a grandeza está nas pequenas coisas e que nem todo mundo consegue ver a beleza dos livros, talvez as coisas infinitamente prazerosas só as sejam por conterem número limitado de cadeiras, por terem dificuldades no caminho, para que o desejo intensifique e permaneça construindo linhas maravilhosas de sabedoria.

2 de novembro de 2009

terça-feira, dezembro 20, 2011

domingo, dezembro 18, 2011

 "Problemas não são solucionados pelo ensino de um nova experiência, mas pela combinação do que de há muito já se conhece. A filosofia é uma luta contra o enfeitiçamennto de nosso intelecto pelos meios de nossa linguagem."

Ti to on?

 e por um instante, ao passar pela estrada dos eucaliptos, eu já sabia para onde estavamos indo, as janelas do ente ser se abriram e logo veio a brisa da montanha,entendi do que era feita.  Sim, protai archai kai aitai.

quarta-feira, dezembro 14, 2011

sábado, dezembro 10, 2011

Será possível mudar-mos qualquer coisa sem transformar, a princípio à nós mesmos?
" Mas a chuva, copiosa, continua a cair sobre o rio. E toda vez que você vir em noticiários tais cena de inundação, você pensará: Realmente, assim é a minha alma."
Haruki Murakami

Palavra costurada com  ponta de agulha e linha,  levada pelo vento na areia, lavada na beira do rio, pesada e sentida na máquina de escrever a cada letra, sempre a mesma, dita ou não.
 Palavra quando no plural são moças arredias que  dançam ao redor da fogueira, mexendo seus vestidos, se misturando à música, ondulando o pensamento, confundindo a solidão. Encanto de quem se apaixona, leveza de quem profere, tristeza de quem recebe um não.
 Palavra que sai dos olhos e não da boca, vem me fazer cafuné, dança comigo a noite e me puxa pelo pé, revela teu encanto, mas bem devagarinho, que a dor do coração já está bem pertinho.


terça-feira, dezembro 06, 2011

A imagem e os espelhos

" Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos.
A coisa em si, nunca: a coisa em ti.
Um pintor, por exemplo, não pinta uma árvore: ele pinta-se uma árvore.
E um grande poeta- espécie de rei Midas á sua maneira- um grande poeta, bem que ele poderia dizer:
-Tudo o que eu toco se transforma em mim."

Mario Quintana

Sobre amadurecer

    O pior de tudo isso não é saber que papai noel não existe, mas que continuam a mentir para as crianças,sendo que essas datas são fruto de interesses mercatológicos, que provavelmente nem o dia é real,fazer com que nós acreditemos nessas coisas por tanto tempo sem saber nos mostrar o real princípio da comemoração, de estar em família e saber amar os outros como se fosse sempre natal, entender que aniversário é só mais uma data qualquer como outras tantas .
   Aceitar que as pessoas vão rir de você sempre que disser que acredita em duendes e seres protetores da natureza ou mesmo quando quiser um pijama de urso com orelhas e rabo. Criar seus próprios conceitos sobre religião e continuar aprendendo a mentir ou mesmo esconder suas reais intenções para que possa adentrar em algum grupo, é não sonhar mais em ganhar aquela boneca que chora de verdade e passar a desejar que o peso das responsabilidades se atenuem e que se possa sentir a paz.
  Amadurecer representou para mim acabar com a a dúvida que restava, o desejo e a incerteza que fez um sonho, mantido no coração por anos, nutrido pelo sol ou por qualquer palavra boba proferida ao vento. Aquela coisa de presente envolto de plástico bolha, tudo tão frágil e tão bonito, que não era mais possível voltar, era previsível até que aquilo se quebraria. Destruindo assim mais um caminho dos tantos a escolher, vindo então a liberdade do corpo de não esperar qualquer coisa dos sonhos.
  Pessoas grandes não podem ter o direito de viver de coisas ilusórias, pois deste modo acabarão tendo um futuro igualmente fictício. A questão toda está no fato de que amadurecemos sim, as responsabilidades virão, nós as aceitaremos mesmo com medo ou receio, mas não se pode matar todos os outros eus de idades anteriores que convivem armonicamente com o eu de agora. Caso não aja uma pequena Manoela a me olhar estranho e me dar a mão para que rodemos sempre que baixar minha cabeça sobre o tampo da mesa com os olhos já marejados, será impossível fazer com que o indivíduo tenha alguma base moral. É importante manter algo que nos retome ao que somos , para que a alma não se desvie do caminho.

terça-feira, novembro 22, 2011

"Deixemos, pois, de generalizações, que levam sempre a becos sem saída."

domingo, novembro 13, 2011

Mesmo quando tudo for só essa escuridão fantasiada de solidão, quando os olhos feito rios inventarem de criar uma nascente, puro sangue transformado, porque tudo deságua no mar salgado de densidade duvidosa que é o pensamento, veja aquela luz azul no fundo da noite e lembre de como é bom viver, mesmo sustentando-se nas incertezas.

sábado, novembro 12, 2011

Para as almas que vivem a ansiar, o distante não existe.

terça-feira, setembro 20, 2011

Desabafo.

(cansei-me de ouvir das pessoas que estas não têm mais tempo para fazer as coisas,Tempo todo mundo tem, mas escolhemos com o quê e com quem queremos gastar nosso tempo. O problema é que existe uma tendência geral para o uso de eufemismos, é ainda pior quando além de enganar aos outros a pessoa se engana...)

sábado, setembro 17, 2011

Livro do desassossego

"Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro.
 Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais do que uma moldura para enquadrar o que lhe é estranho. "

Fernando António Nogueira Pessoa

Sobre a brevidade da vida

"Por conseguinte, a sua vida se precipita nas profundezas e, assim como de nada serve encher com líquido uma vasilha sem fundo, nada pode trazer de volta o tempo, não importa quanto ele te foi dado, se não há onde retê-lo. Ele atravessará os espíritos abalados e que nada apreendem."
Sêneca

Necessidade.

Ao aspirar e encher os pulmões com toda a ausência é que se traz alguém ao presente real, por  não ser olvidado, a insustentável leveza dos momentos repousa na necessidade que se tem de alimentar a alma de incertezas.Faz-se então das lembranças refeições inteiras, cheias de nostalgia e melancolia, de momentos que ficaram no passado e que de maneira alguma podem ser nutritivos ao futuro, talvez ai esteja uma questão da vida, saber utilizar o tempo que dispomos a favor do próprio tempo. Consumir o momento com avidez, saboreando cada palavra no instante em que foi proferida e degustar os sentimentos como sobremesas. Presença é vida que só pode ser saciada com calor, aquecida com o coração e aflorada na derme, nos braços, nas mãos e nos olhos de quem sente saudade.

domingo, setembro 11, 2011

O que me encanta nas relações não é a aparência das pessoas, nem as fotos e objetos materias que marcam a trajetória e comprovam a existência daquilo que outrora fora efêmero, o que mais me estarrece é o que fica das pessoas em nós. Relacionar-se significa deixar parte de nós dentro do outro e despertar em nós mesmo questionamentos até então olvidados, é como ganhar mais um orgão de percepção, é uma repartição complexa. A medida que o tempo passa, existe uma tendência de incrustarmos nossas caracteristicas e usar de fato um exoesqueleto de proteção, que ao mesmo que ajuda indiretamente na respiração, impede o crescimento e então necessário realizar  nova ecdise.

terça-feira, setembro 06, 2011




.etnalulu edadilaer ahnim an racif etnatsni etsen uotser em euq sie E
Me procuras no vago da noite
te busco na solidão do dia
ambos dançamos na chuva neste descompasso efêmero
sem nunca avistar um a face do outro
num desespero em que não sou e nem tu és.
De mãos dadas estamos perdidos(em nós mesmos)
somos como almas a esperar o trem que já passou.

sexta-feira, setembro 02, 2011

Ocupado.


Enquanto eu ainda tocar essa pianica será sempre assim, você mora em mim, pois a dicotiledônea morreu e nem sequer uma mísera briófita nasceu desde que você se foi.


Sou um inseto de exoesqueleto quitinoso que queria ser ave, mas que contenta-se com a convergência adaptativa de ter asas.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Transcender e afundar.

Turvos sentimentos fazem boa poesia, pois eis que a alma se abre para o infinito universo das combinações impalpáveis.

Quando o sol se foi ela sorria
o rosa do céu trazia a luz dos olhos dele.
Pintava na face o esboço da sensação, logo viriam as estrelas
Confortava-se ainda na lembrança do beijo nunca roubado
Nasceram assim as asas e daqui a pouco a solidão.

domingo, agosto 21, 2011

Die verwandlung

"Als gregor samsa eines morgens aus unruhigen träumen erwachte, fand er sich in seinem bett zu einem ungeheueren Ungeziefer verwandelt."

Livro do desassosego

"Ninguém compreende outro. Somos, como disse o poeta, ilhas no mar da vida; corre entre nós o mar que nos define e separa. Por mais que uma alma se esforce por saber o que é outra alma, não saberá senão o que lhe diga uma palavra- sombra disforme no chão do seu entendimento.
Amo as expressões porque não sei nada do que exprimem."

página 335

Fernando Pessoa


sábado, agosto 20, 2011

Queria que estivesse aqui, pois a nuvem encobriu toda a lua. Não devias saber que nessas noites o mar ultrapassa meus olhos e que tal fato umedece meu coração, deixando-o suscetível a oscilações. Me diz,o que pensas nessas noites em que a lua se esconde assim?

É divertido viver e ver a mecânica das coisas, rindo deveras por dentro.

terça-feira, agosto 16, 2011

Caridade se resume a pontos, conhecimento a horário, ser uma boa pessoa a notas. Mecanizado mundo em que vivemos, os que podem fazer alguma coisa estão em universos paralelos e a fome e a miséria permanecem a marcar o estado. Quero humanidade!

domingo, agosto 14, 2011

Caroline Carvalho

O último desenho que ela fez pra mim.


O primeiro desenho!







Para que saibas que com o mesmo amor que guardei todos os desenhos, guardo também os momentos e os ensinamentos que eu tive ao teu lado. Claro que nunca me esquecerei que eu fiz uma criança chorar em 2008, acho que todo mundo aqui já está cansado de saber disso -.-''. Eu realmente te amo muito, senhorita. Fica com Deus, desejo a ti toda a paz do mundo. Já és vitoriosa por ser quem tu és, por ilumuinar a vida de todas as pessoas ao teu redor e pelo sorriso sempre presente na tua face.

Sinto saudades.
"Ah, Manoela... é impossível sorrir para sempre, irmãzinha. Tem vezes que sorrir cansa. Tem momentos em que simplesmente sorrir o tempo todo já não faz mais sentido. "

A fuga

"Os dias se derretem, fundem-se e formam um só bloco, uma grande âncora. E a pessoa está perdida. Seu olhar adquire um jeito de poço fundo. Água escura e silenciosa. Seus gestos tornam-se brancos e ela só tem um medo na vida: que alguma coisa venha transformá-la. Vive atrás de uma janela, olhando pelos vidros a estação das chuvas cobrir a do sol, depois tornar o verão e ainda as chuvas de novo. Os desejos são fantasmas que se diluem mal se acende a lâmpada do bom senso."

Clarice Lispector


sábado, agosto 13, 2011

A luneta mágica

" A família é na terra a beatificação da vida do homem; a família é o mundo em festa no lar doméstico; a família é a imensa vida de amor, em que se identificam algumas vidas que se amam, que se abraçam, que se completam; a família é a consolação no infortúnio, o suave descanso no fim do trabalho e das lidas, é o rir de muitos pela felicidade de cada um de seus membros, é na extrema hora o colo em que se encosta a cabeça para dormir o último sono, é o pranto de amor que orvalha a sequidão da morte, a mão de amor que, religiosa, fecha os olhos do morto.
Eu quero ter família, não posso viver sem ela."


Joaquim Manuel de Macedo

A hora da estrela

"As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer."

Clarice Lispector
Qualquer dia escrevo as coisas da agenda aqui para de qualquer forma banaliza-las, qualquer dia eu morro dessa coisa que lateja dentro do meu peito, qualquer dia.Ah, vou vivendo a me enganar, cantando em outros nomes tua imagem, teus olhos, o meu amor reprimido e contorcido.

quarta-feira, agosto 10, 2011

A distância alimenta um nevoeiro turbilionante

É preciso que se crie conexões, talvez aquela ponte, que liga o São Francisco ao centro histórico,aquela que aos sábados trazia uma explosão de cores sentimentos com seus barcos e pássaros, funcionando para mim como uma chave que abre e fecha o sistema. Quão bom é sentir o vento balançar os cabelos e a saia longa.Ainda me sinto naquele recital de Chopin no Artur de Azevedo e agora vejo as cortinas do palco se fecharem sobre meus olhos em pura expectativa, mas não consigo escutar os aplausos, pois o que existem são só as lembranças de qualquer momento no passado em que eu tocava a alma dos sentimentos. Alma não tem cor, nem cheiro, nem forma, é estado sublime que se conserva no impalpável e por isso não se pode ter a noção exata de onde está.
Conservo além de tudo a lembrança das pessoas e isso é engraçado,lembrar de tudo, do buraco de minhoca, do buraco sugador de todaas as coisas no desenho da escola,do organismo que era feito de material semelhante a celulose, das mágicas, das conversas sobre caio fernando, do dia em que conheci satine. A distância alimenta a saudade, a vida alimenta a dor, mas de que adianta viver sem vida? de que adianta viver sem dor?

Guardo a certeza de que conheci pessoas lindas e que tenho amigos, que por mais distante que estejam, estarão sempre em minha mente as lições e os momentos!

segunda-feira, agosto 08, 2011

As coisas são belas justamente por não serem eternas, por serem inconstantes. Sem obrigações e sem explicações,que seja sempre leve.
"Manoela, mesmo que no final tudo venha a ser um enorme branco; Ainda existem nos papéis de carta palavras eternizadas"



Agora que o tempo passou posso afirmar que a dona dessa mensagem ficou guardada e que em geral,o que passei com ela foi bonito e eu agradeço, espero que um dia veja isto e sinta o que eu sinto agora. Se cuida, senhorita lua.

Esboço para uma teoria das emoções

Ora, não é indiferente que essa realidade humana seja eu, por que, precisamente para a realidade humana, existir é sempre assumir seu ser, isto é, ser responsável por ele em vez de recebê-lo de fora como faz uma pedra. E, como a "realidade humana é por essência sua própria possibilidade, esse existente pode `escolher-se´ ele próprio em seu ser, pode ganhar-se, perder-se"[...] Portanto, sou antes de qualquer coisa um ser que compreende mais ou menos obscuramente sua realidade de homem, o que significa que me faço homem ao compreender-me como tal.

Jean-Paul Sartre
Antropoceno, antropoceno,antropoceno. Tem coisa mais egoísta e vaidosa do que isto?
Arrghh.A humanidade me cansa.

domingo, agosto 07, 2011

A grandeza de dar consistência

Quando então sentir meu rosto consistente mais uma vez quer dizer que estará na hora de por ao forno, para que a massa então mole aqueça e prepare minha nova máscara. Essa é a quinta vez que perco uma. Desta vez vou pinta-lá de azul.
Qual é a cor da sua? Talvez eu e você possamos combinar de deixar a mostra as nossas faces qualquer dia desses, talvez qualquer dia desses nos possamos unir nossas almas. Me ajude e eu caminharei ao seu lado sempre que fechar os olhos.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Percebe agora que a sua felicidade depende de como você se vê?

É preciso que se mate e que se morra.

Existe uma faca aqui no meu peito, alguém retire, por favor, gritava a moça. Poucos segundos depois toda a sua cama e sua roupa estavam repletas de sangue e ela se contorcia e gritava mais e mais forte: alguém retire essa faca fincada no meu peito; parece que ninguém ouvia, pois nada faziam. O sofrimento daquela jovem vinha de outro mundo e vendo aquela cena, parou, olhou dentro de si e começou a sentir as vibrações e juntar forças de seu corpo em agonia, foi quando fechou os olhos e viu que era a sua própria mão que fincava cada vez com mais força aquele objeto em seu peito, ela queria inconscientemente matar, o desejo reprimido de seus ancestrais era algo que tomava seu corpo, assim como é capaz de mudar toda uma história de vida. Muito era o que queria saber, ela não parava um instante de pensar, era mecânico, era doloroso, não deixava que ninguém falasse, preservava-se na sua dor. Animou-se misteriosamente na sua frente um relógio com uma aparência meio cansada, ele disse que vinha para conversar com ela, que as coisas não eram bem assim, ela deveria parar e prestar atenção nos fatos, pois ele próprio já sofrera muita desilusão das pessoas que dizem que faz o tempo parar e que a vida toda ele nunca teve férias, um só segundo que fosse; uma coisa é o que nos dizem para que inventemos um mundo mais confortável no imaginário, outra coisa é o que de fato acontece, ele como relógio sabia sua função e que ela como moça sabia também o seu papel na sociedade e que deveria tirar de si própria esta faca, mesmo que sangrasse, pois dotados de matéria sofrem. A moça levantou-se, mas não teve coragem de retirar, tinha se acostumado, ás vezes isto acontece, aceitamos coisas que não fazem parte de nós por hábito. Digo agora que a moça soltou a mão do objeto cortante e segurou a mão do relógio, fez do tempo seu amigo, matando assim a o que a feria , deixando-se ser ajudada e percebendo que existem várias formas de se matar, mas que é necessário para poder recriar-se a cada dor.

quarta-feira, junho 29, 2011

"Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar-mas ver. Em silêncio. Tu verias a moça."

domingo, junho 26, 2011

Quando pequena eu dizia que seria astronauta, até imagino o motivo, pois passava horas me divertindo com um jogo chamado: o patrulheiro das galáxias, que vinha até com um caleidoscópio; não imaginava naquele tempo quanta matemática era preciso saber para trabalhar com algo assim. Sei que muito do que somos e vários dos nossos princípios vêem das coisas que ouvimos quando crianças; acredito até que seja por isso que tantos desejam fazer medicina. O bom e o ruim de sonhar é que a mente não tem limites, podemos ser qualquer coisa que quisermos e isto abre um leque tão grande de coisas que ás vezes pode- se perder o foco, por abrir demasiadamente o obturador. Será então por isso que tantos dizem com convicção que iram mudar o mundo e acabam sendo moldados por ele? O que realmente ficou da criança que foste? O que ainda vale a pena realizar?
Eu não sei responder quais são as bases pelas quais se movem os sonhos, mas hoje eu não quero mais ser astronauta, mas não posso negar que tenho um livro sobre astronomia e que pretendo comprar um telescópio, estes são exemplos de processos inconscientes que ficaram da Manoela de sete anos, que ainda me cutuca várias vezes e que tem mais de mim do que a máscara que uso hoje, pela necessidade de viver em sociedade. É preciso que durante a noite a face seja exposta a luz da lua para depois entrar num processo de reconhecimento a frente do espelho da alma, não se deixar esquecer-se das coisas, talvez nada disso tenha muita importância, mas tente olhar para a lua e refletir um pouco sobre as coisas que juntas compõem que é.

quinta-feira, junho 23, 2011

Crime e castigo

"onde é que eu li aquilo de um condenado à morte que no momento de morrer dizia ou pensava que se o deixassem viver num alto, numa rocha e num espaço tão reduzido que mal tivesse onde pousar os pés - e se à volta não houvesse mais que o abismo, o mar, trevas eternas, eterna solidão e tempestade perene -, e tivesse de ficar assim, em todo esse espaço de um archin, a sua vida toda, mil anos, a eternidade... preferiria viver assim do que morrer imediatamente? O que interessa é viver, viver, viver! Viver, seja como for, mas viver! O homem é covarde!"

Fiódor Dostoiévski

Epigrama n.º8

Encostei-me a ti,

sabendo que eras somente onda.

Sabendo bem que eras nuvem

depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso,

e dei-me ao teu destino frágil,

fiquei sem poder chorar,

quando caí.

Cecília Meirelles
"Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora"



Manuel António Pina

terça-feira, junho 21, 2011

" E se me tem por exagerado!
Exagerado sou!
Pois é por exagero,
que me consome todo o amor."

Nordman Wall
Questionamentos, quem consegue responder?
Fazer da vida descoberta diária.
Achar-se e perder-se a qualquer instante.
Deixar-se leve, escutar o apelo ressonante do ar.
Quem aqui se permite voar?

Meu coração tão frio em movimentos adiabáticos palpita
A espera de uma dupla ligação quebrada.
Do amor resta um símbolo
Em algum lugar ainda brilha a chama,
Movendo-se com o vento na azáfama do dia.

Não se pode esperar eternidade no calor, visto que nada o possui
É transição, assim como eu e como você.
De sua energia não facilmente medida só se tem noção da variação
Nos movimentos cíclicos vai tendendo a zero, tentando realizar trabalho,
Flâmula passageira, mas o que é permante?

Será possível calcular o termo independente desta questão?
Perguntas, deixo-as para que fluam por toda minha mente,
Escorrendo pelo nariz, contornando minha cintura, transpassando pela laringe e me sufocando como se soda caustica fossem.

domingo, junho 12, 2011

Suprema aos que um dia sentiram

Perdoe-a, algo,
Ela não sabe o que diz.
Deixe que ela fale o que quiser!
Mesmo que ela vá,
Ao mesmo tempo
Irá ficar.
Em presente.
Ela é o meu mundo,
Meu paraíso
Meu conforto
Minha alegria
O meu algo maior,
É real.

Eu quero sentir
Muito mais do que sinto.
Pra mim,
Ainda é pouco o que tenho.
Quero mais!
Por um lado,
essa luxúria me faz feliz.
Mas esse pecado, como todos os outros,
é indevido,
é errado.
Se não posso ter tudo que quero,
Melhor amar o que já tenho,
e contentar-me com o que ganhei.


Sabe-se lá o que será de mim,
o futuro do meu passado,
é o meu presente.
Não diga o que eu sinto,
sem saber primeiro o que sentes.
Ah, como eu quero algo dela.
Relembrando águas passadas,
essa luxúria me faz feliz.
Como faz!
Pecador profissional,
assim eu me acho.
Considero-me um capacho,
calcado eternamente pelos pés desse algo inseguro.

Não quero que leiam isso,
para andarem comentando sobre o meu amor maior.
Em falsas verdades,
sem fundamentos,
sem pensamentos,
sem reflexões.
Chamaram-me poeta.
Se eu sou,
foi por ação do invisível,
daquele maior que tudo e todos,
e dela.
Ela que detém o que eu mais quero,
ela que recebe o que eu dou,
em troca de nada.


Gustavo Grilo
(eu disse que colocaria teus poemas por aqui!)

Tic tac, tic tac...

quinta-feira, junho 09, 2011

A única coisa que realmente consegue me fornecer solidariamente conhecimento sem nada cobrar de mim, as pessoas que me se aproximam nos momentos mais turvos são as palavras, palavras de pessoas que nem conheço, mas que tenho um amor profundo. Estas pra mim são médicas, médicas da minha alma.

Ler é divino, agradeço aos escritores, pois estes salvam vidas. Hoje me decidi, vou voltar a escrever.

domingo, junho 05, 2011





Mais distante do mundo, mais próxima deste cenário e minha alma a mudar de cor.
As coisas eram sempre assim, o seu organismo funcionava de forma anómala, sempre disposto a fazer desaparecer, pois seus próprios medos e dores eram invisíveis e ela vivia isolada em uma bolha de sabão, presa à um amor, presa à uma vida que não lhe pertenciam, por mais que repetisse inúmeras vezes que tudo é cheio de inconstância, permanecia sentindo aquele aperto dentro do peito, aquele nó na garganta e os momentos únicos a passarem sem que nada acontecesse. Ela agora pensava em si própria como um artista da fome que só sabia ser daquela forma e que por isso mantinha-se presa como animal em uma jaula como uma atração de zoológico, não tendo a coragem de ir de encontro ao mundo e proclamar sua liberdade, liberdade esta que na verdade temia ter, era uma covarde que diante do mundo aceitou ser apenas um animal, condenada a mentira e a solidão que invadem todos os seres de mente fraca.

Perto do coração selvagem

''Tudo o que mais valia exatamente ela não podia contar. Só falava tolices com as pessoas. Quando dizia a Rute, por exemplo, alguns segredos, ficava depois com raiva de Rute. O melhor era mesmo calar. Outra coisa: se tinha alguma dor e se enquanto doía ela olhava os ponteiros do relógio, via então que os minutos contados no relógio iam passando e a dor continuava doendo. Ou senão, mesmo quando não lhe doía nada, se ficava defronte do relógio espiando, o que ela sentia também era maior que os minutos contados''

Clarice Lispector