domingo, junho 05, 2011

As coisas eram sempre assim, o seu organismo funcionava de forma anómala, sempre disposto a fazer desaparecer, pois seus próprios medos e dores eram invisíveis e ela vivia isolada em uma bolha de sabão, presa à um amor, presa à uma vida que não lhe pertenciam, por mais que repetisse inúmeras vezes que tudo é cheio de inconstância, permanecia sentindo aquele aperto dentro do peito, aquele nó na garganta e os momentos únicos a passarem sem que nada acontecesse. Ela agora pensava em si própria como um artista da fome que só sabia ser daquela forma e que por isso mantinha-se presa como animal em uma jaula como uma atração de zoológico, não tendo a coragem de ir de encontro ao mundo e proclamar sua liberdade, liberdade esta que na verdade temia ter, era uma covarde que diante do mundo aceitou ser apenas um animal, condenada a mentira e a solidão que invadem todos os seres de mente fraca.

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