E quem há de
pagar a espera
por esses sonhos
sonhados a prazo
das saias arregaçadas
no rio a formar bolhas no ensaboar,
das mãos de
suor e cimento que edificam a construção,
daqueles que
nem ao menos tem direito ao pão.
Quem há de
pagar pela esperança ceifada dos olhos que vivem sem sonhos
dos que entregam
panfletos que não são poemas,
dos que
andam clandestinamente na porta dos ônibus,
celebrando a
fome de tudo, de tão descompassados que são.
Diante da
realidade violenta com que as coisas existem,
atentos,
submissos, fecham as pálpebras tristes.
Escurecidos pela ausência,
procuram entregar a ponta da mesa a conta com saldo devedor,
mas parece não estar mais lá o causador
da vida infecunda de toda essa gente que o tempo levou.
Mas há tanto tem sido assim,desde o começo já se sabe o fim.
Quem espera nunca alcança e de cego pela faca, faz um rastro de sangue na caminhada torta.
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