domingo, fevereiro 14, 2010



Seca, em espirais coloridos impulsionando com dificuldade o ar até os pulmões, de olhos fechados, algo pulsa dentro dela e isto é forte e constante, ao mesmo tempo em que sente esse golpe no estômago as pernas vão ficando fracas e moles, parece que não respondem ao seu chamado desesperado para que elas despertem e continuem a andar pela praia, permanece a esperar, esperando a dor infindável passar, olho nos seus olhos que sorriem diferente e me sinto envergonhada, é como tirar uma máscara da bolsa e nessa máscara tivesse a sua imagem aos cinco anos, encolhendo, logo a pouco vão surgir as fraldas, não quero que ela tema, em um grito ensurdecedor dentro de mim escuto o que dizem dentro dela, eu a vejo, temos uma conexão, de tal forma que seus olhos violeta refletem nos meus olhos verdes as palavras que o vento assobia, vejo os braços que usam uma camisa azul (a minha preferida), braços estes que agora a envolvem, ah, como gosto do calor desses braços, eles temem que o empalidecer venha a piorar, fico feliz que ele esteja lá, já que eu própria não posso fazer, então a observo, a desejo, enquanto tenta guardar toda essa dor para aproveitar depois, eu sei que ela sabe que estou vendo-a, eu sei pois para mim ela é tudo. Logo após não preciso mais ser forte, então as lágrimas salgadas começam a dançar no meu rosto e aos poucos elas vão descendo e molhando toda a camisa vermelha que se transforma num rio de sangue que escoa pelas ruas e aos poucos toma tudo. O momento se esvai o sol também, vira soez, vira vazio, fica sem ele e fica sem mim, o vazio que a existência traz só ele pode explicar na vida dessa moça de olhos cor de violeta.

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