terça-feira, novembro 30, 2010

Para aprender a sonhar

Os navios bravios carregados de sonhos descarregam-se todos no selar da noite,no rugir do vento, no fechar de olhos. Se você assim como eu é portador de um sonho fracassado, saiba que nenhum dos produtos dos navios que desatracam nessa ilha tem garantia, mas se você for amigo do marujo, molhar a sua mão e der biscoito ao seu papagaio terá a chance de trocar seu sonho fracassado por um novo, mas em tamanho menor. Sabemos todos que sonhos são difíceis de cultivar e com sonhos não se pagam, não se compram os sonhos, se recebem de herança.
Outro dia encontrei um pequenino desses embaixo da árvore, ele me disse que os sonhos quando se tornam adultos são tão belos que chegam a cegar os olhos, mas que nem todos os sonhos são bons e que muitos morrem no trajeto, disse-me também que para ele o seu sonho era como uma sombra que de acordo com a luz parecem muitas, mas que na escuridão torna-se tudo, naturalmente me senti curiosa e sentei-me ao seu lado, cruzei minhas pernas e com um ar fanfarrão perguntei-lhe qual era o tal sonho, ele virou a cabeça perto do meu rosto e com um ar igualmente brincalhão me disse que o sonho dele estava em seus olhos e se eu não conseguia vê-lo mesmo assim será bem provável que suas palavras não me dissessem nada a mais e que igualmente era assim para todas as pessoas; depois de algum tempo percebi que estava só embaixo daquela árvore.



Nota: Estou fazendo uma faxina de papéis e encontrei esse texto de 2008, resolvi postar e eu não quis modificá-lo, apesar de tudo, representa bem os meus pensamentos do ano em que foi escrito.

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