terça-feira, janeiro 24, 2012

   Contrai os músculos, agarrei-me ao travesseiro, enfiei nele a cabeça, mordi os lábios sufocando o grito mais profundo. Isso não pode estar acontecendo comigo!
   Minha cama estava em plena praia, em frente a um mar turbulento, remontando a momentos passados, mas com um certo grau de desordem. Em meio a esta confusão, minha cabeça girava intermitentemente. Quando consegui, por fim, olhar o céu, percebi que nele não havia nem nuvens, nem estrelas, mas dava para ver a aurora boreal.
    As lágrimas já não permeavam os meus olhos, agora escorriam por toda a face. Entendi que na verdade, que aquele mar turbulento era eu com minhas lágrimas e revolta contida, então me deixei tomar inteira por ele. Começava a bebê-lo. Eu o desejava e ele me consumia. Dentro de mim já havia tanto do que eu odiava, que não se fazia mais necessário respirar.Levada pelas ondas, fui guiada a um redemoinho que sugava parte do mundo em que estava, e que se esfacelava junto a mim.
    Meu interior era um espaço oco e meu exterior tornava-se algo de mesma matéria. Não sei quanto tempo passei na mais completa escuridão do tal redemoinho, talvez tenham se passado horas, ou talvez apenas segundos, só sei que adormeci e, no meu sonho, eu corria em um jardim em que seguia diversas borboletas azuis. Foi quando deparei-me com a minha pequena irmã. Quão linda estava ela com aquele vestido de armação cor de rosa, seus cabelos loiros cacheados faziam movimentos ondulantes, como queria abraçá-la, corria, corria, na esperança de apenas tocar em seu rosto terno mais uma vez.
     Não sei de que maneira ela desapareceu de minha vida, senti uma dor tão intensa que acabei por acordar, no meu quarto novamente. Acendi o abajur e então percebi que eram apenas 4:20 da manhã.
   Já fazia um ano e, mesmo assim, eu continuava tendo os mesmo sonhos. A mente buscava constantemente os braços da minha pequenina irmã. Gostaria de tê-la salvo desse mar que a levou e no qual a batida apressada de minhas pernas a nadar não foram o suficientes para lhe trazer novamente a vida; lá se foi mais uma madrugada de um dia qualquer de momentos não exatos, em que o espaço-tempo não tem mais tanta significação quanto poderia.


12/08/10


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