sexta-feira, outubro 19, 2012

Em tua janela, a beleza do bonsai morto lembra que a vida precisa ser sentida em cada ramo seco;
em cima da cama, teus olhos  tocam a imensidão azul onde mergulhas,
 e eu te perco na infinita possibilidade de cores desse cubo mágico a girar em teus dedos.
Te olhar já não me basta, passo pela porta e vejo as fases da lua, do sistema solar, vou-me.

Beyond time, a poesia da tua natureza expele que és plenamente livre, diferentemente de mim.
Talvez por isso eu tenha te tocado nunca fora de meus sonhos.
Fui andando pelas ruas segurando com as duas mãos o kusudama que me entregaste,
 sentimento assim delicado, como se entre elas houvesse não papel,
mas sim um pássaro esperando ser solto para juntar-se a ti.

Nessa incompletude, vou descobrindo meus outros eus que eram parte tua,
que aos poucos se desmenbraram, tal qual  rosa arrancada da planta.
Brotei em outro solo, folha e flor crescendo juntas, transformei-me cerejeira.
Coloco a mão no meio dos olhos, desviando o canal da mensagem,
vejo então duas telas, dois céus e só um eu fincando raízes na mais doce solidão.

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